Em alusão ao 18 de maio, data que se celebra o Dia da Luta Antimanicomial, foi realizada na Câmara Municipal de Camaçari uma Sessão Especial requerida e presidida pelo vereador Gilvan Souza (PSDB). A atividade teve como tema o panorama da saúde mental no município.
A importância de um atendimento humanizado para pessoas com sofrimentos mentais, principalmente após dois anos de pandemia, foi pautada pelo presidente em exercício. “Uma das maiores fragilidades do Covid foram os problemas emocionais. Tenho dialogando muito com os convênios e eles estão preocupados justamente com o Covid longa, que são os problemas causados pela Covid. O novo paciente crônico chegou na rede SUS e chegou também na privada, e na sua maioria, com um percentual muito alto, os problemas são emocionais, psicológicos e mentais”, destacou Gilvan Souza.
A sessão contou com a participação de usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da sede e também da costa. Na oportunidade eles deram depoimentos sobre a importância do serviço. “Eu fazia uso de bebida alcoólica, canabis, cocaína, e contraí a doença de surto e convulsão causadas pelas as drogas, e em um desses surtos cheguei a passar pelo Juliano Moreira. Lá no Caps tem vários profissionais que fazem a redução de danos com o grupo de cidadania, psicólogos, e eu vivia uma vida perdida, dando um surto atrás do outros, meus relatórios mostram isso, e há uns três anos decidi dar um basta e foi o Caps que me ajudou, e hoje eu sou um delegado dos Caps da sede”, relatou o representante do Caps Ad, Willis David Santos.
Familiares dos usuários também tiveram direito a fala, a exemplo de dona Francisca Santiago, mãe de um adolescente de 15 anos com autismo. “O Caps me ajudou muito, foi lá que soube do diagnóstico do meu filho, as profissionais são como uma família para mim, eu as amo, sempre participo de encontros de mães, de bazar, de oficinas e meu filho sempre participa de atividades de música. O Caps precisa ser fortalecido, a gente não quer só medicamento, a gente não quer dopar nossos filhos, nós queremos mais serviços”, ressaltou.
A psicóloga do Caps Ad, Carla Geline chamou a atenção para a importância do tema não ser apenas abordadoapenas no mês da Luta Antimanicomial. “É muito simbólico que a gente esteja ocupando a agenda política com essa temática agora. E quando a gente pensa em Luta Antimanicomial estamos discutindo modelos de sociedade, assim como o SUS é um marco civilizatório, a luta Antimanicomial também cumpre esse papel. Quando falamos em política pública, é preciso que a gente saiba qual o contexto histórico, social e econômico envolvido nas decisões políticas, na construção das políticas públicas”.
A subcoordenadora de Saúde Mental de Camaçari, Márcia Cosme mostrou um panorama do serviço prestado no município, destacando importância do trabalho intersetorial e do acolhimento das pessoas com transtornos mentais. “Muitas vezes olhamos para uma pessoa desorganizada mentalmente e achamos que vai ser assim durante toda a sua vida, mas isso não é verdade. Com os devidos cuidados, estas pessoas recuperam a autonomia sobre suas vidas. O Caps é o espaço para fazermos uso quando já se está adoecido, mas precisamos de políticas públicas que forneçam trabalho, lazer, cultura e todas as demais necessidades básicas para evitar adoecimentos em nossa sociedade. A visão manicomial não aceita o diferente, por isso lutamos contra ela tão firmemente. As diferenças precisam ser respeitadas em todos os espaços”, destacou.
A Sessão, que não contou com a presença de nenhum outro parlamentar, a não ser o presidente em exercício, foi encerrada com uma apresentação musical e de poesia realizadas por usuários do Caps.
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