Continuando a oportunidade de conviver com os conhecimentos de Raimundo Moura, lembro de uma resposta sobre um fato inusitado. O ex-vereador, no seu jeito delicado, responde: “O que você imaginar que possa ocorrer na política, e em especial, em Camaçari, já existe um precedente”. Me reportava a total falta de compromisso das autoridades políticas em relação à origem histórica do município. A orla, primeira região a ser ocupada pelos portugueses nas localidades de Catu de Abrantes e Vila de Abrantes onde fora edificada, possivelmente, a primeira igreja do território brasileiro, praça e cemitério, sepulcro de pessoas importantes – Portugueses, indígenas e africanos - na construção do Brasil, Bahia e o município de Camaçari. Onde foi escrito e apresentado a primeira peça teatral de participação coletiva. Local, que guarda comunidades quilombolas e indígenas e ao longo dos anos abrigou colonos japoneses, italianos com contribuições para a formação da identidade cultural, hábitos e costumes como descreve o professor, historiador Diego Copque. A ausência do comprometimento tem um vestígio de segregação intencional. Descaracterização da identidade Cultural. Assim se observa e se justifica a ausência de um projeto de futuro para Camaçari para não evidenciar os fundamentos da origem da população originaria.
Diferente do centro da Cidade, que se construiu a partir da migração para edificar o polo petroquímico e a industrialização, a orla têm uma marca significativa na história e não pode ser relegada a segundo Plano incluindo a permissividade para a especulação imobiliária e destruição das reservas ambientais. A população da orla tende a absorver a consciência da organização no sentido de se representar, com autenticidade, no cenário político municipal, no resgate e evidencia de sua importância. Buscar as reverencias aos seus marcos e registros históricos e a notoriedade de nomes que contribuíram para com a nação, o estado e município. Inserir no currículo escolar o ensino sobre os originários, se reportar aos fatos da formação sociocultural da população.
Camaçari convive com um grau de pobreza que não condiz com o processo de desenvolvimento da matriz produtiva. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios - PNAD/IBGE 12022 -, a Bahia registrou a quarta menor renda mensal do Brasil, com rendimento nominal médio mensal per capita dos moradores a R$ 1.010. Na sede, o município alcança R$ 938,04 e na orla, que detém 84% da população ocupada na faixa do salário-mínimo, R$ 834,65. 32% se encontram desempregada com vulnerabilidade alimentar, de saúde.
Que DEUS e os Orixás nos protejam.
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