O Conselho Municipal de Meio Ambiente de Camaçari (Comam), entrou em contato com o Portal para denunciar que a instalação de estruturas de concreto na areia da praia de Busca Vida, em Vila de Abrantes, costa do município, vai prejudicar a vida marinha. No local circulam tartarugas durante o período de desova.
São 590 metros de muro, usados para impedir que o mar avance no Condomínio Busca Vida. As ondas já destruíram parte do calçadão e a sede da Associação de Pescadores local.
De acordo com a presidente do Comam, o problema está no material utilizado. “O uso do concreto levanta dúvidas porque a madeira tem sido o material mais usado nesse tipo de contenção. E a presença do concreto dificulta o trânsito das tartarugas no caminho para a desova. Elas não conseguem transpor a barreira áspera do cimento. Esta, entanto, não será a pior ameaça que as tartarugas marinhas terão que enfrentar em sua próxima temporada de desova, de setembro a fevereiro”, explicou.
Ana Maria Mandim chama atenção também para o prazo concedido pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR), para a realização da intervenção. “Após autorização concedida pelo INEMA e pela Superintendência do Patrimônio Público da União na Bahia (SPU), o prazo para as obras é de nove meses, iniciados em 20 de maio último. Façam as contas, o prazo cobre a temporada de desova. É exatamente o que preocupa a Fundação Pró-Tamar e o ICMBio. Aquele quilômetro em que a contenção começou a ser construída recebe, em média, 93 desovas por ano. Podemos antecipar o que acontecerá, tartarugas desorientadas por não conseguir depositar seus ovos, voltarão ao mar e expelirão os ovos na água”, relata.
Segundo a presidente, a praia de Busca Vida é um dos maiores bolsões de desova do Nordeste e pede apoio da sociedade civil. “É estranho ver os moradores do Condomínio Busca Vida desfrutarem um ambiente de paisagens naturais magníficas e expulsarem dali outros seres vivos que fazem parte do mesmo meio ambiente há muito mais tempo. Protejam as tartarugas marinhas, cuidem de verdade do meio ambiente”, finaliza.
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