Arborização urbana e floresta Urbana são termos que têm sido utilizados no Brasil para denominar o conjunto de vegetação arbórea existente nas cidades. Entretanto, floresta urbana é um conceito mais amplo, trata de toda vegetação existente no perímetro urbano.
Assim, a arborização urbana é caracterizada pela existência ou plantio de árvores de porte em praças, parques, nas calçadas de vias públicas e nas alamedas, constituindo-se em uma das mais relevantes ações da gestão pública.
A arborização dos logradouros promove a melhoria da qualidade ambiental, da vida, do embelezamento, da valorização econômica dos empreendimentos urbanísticos, a redução da poluição sonora, visual, a estabilidade do clima urbano, diminuição no impacto das chuvas no solo e seu escorrimento superficial.
A falta de conhecimento dos benefícios da arborização, somada à falta de estrutura municipal e de disponibilidade corpo técnico qualificado ou capacitado, representa os principais desafios para que se obtenha os resultados esperados. Além disso, o planejamento da arborização é decisório para evitar alagamentos e enchentes.
No Brasil, é grande a preocupação com a arborização das ruas, avenidas, praças, parques, jardins, enfim dos logradouros. É também preocupação nos empreendimentos e/ou atividades urbanísticas, solucionada com a execução de projetos paisagísticos.
Trata-se de uma preocupação crescente, diante das alterações climáticas com elevação da temperatura ambiente. Apenas 6,9% das cidades brasileiras são arborizadas, destacando-se, em ordem alfabética, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Guarulhos, Porto Alegre e São Paulo.
Para a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana a fração ideal de vegetação no perímetro urbano é de 15 metros quadrados por indivíduo. Goiânia é a capital brasileira com o maior número de árvores por habitante, com 0,79 exemplar/habitante, superando Curitiba – 0,17 e João Pessoa 0,06 árvore/pessoa.
Conforme o IBGE, Goiânia ocupa o primeiro lugar entre as cidades com um milhão de habitantes, com quase 90% dos domicílios contemplados com uma árvore ao seu redor, seguida por Campinas (SP) e Belo Horizonte (MG), com 88,4% e 83%, respectivamente.
O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) destaca a associação da preservação e arborização urbana decisória no desenvolvimento sustentável do país, tema do Manual de Boas Práticas de Arborização Urbana nos Municípios Brasileiros: a engenharia das infraestruturas verdes para a sustentabilidade e resiliência às mudanças climáticas.
Segundo o Manual, os Engenheiros Agrônomos e Engenheiros Florestais são os profissionais habilitados, segundo as Resolução nº 218, artigos 5º e 10, respectivamente, detentores em sua formação de conhecimentos sobre solo, botânica, sementes e mudas, adubação e nutrição de plantas, agrotóxicos, fitossanidade, fisiologia vegetal.
Quando se fala ou se trata de arborização, devem ser levados em consideração os fatores que interferem negativamente sobre o desenvolvimento das árvores no ambiente urbano, a exemplo da compactação com a pavimentação; implantação dos empreendimentos; deposição de resíduos e entulhos da construção civil no subsolo; impermeabilização das calçadas e do leito carroçável, impedindo a penetração do ar e de águas de chuvas;
A arborização urbana (avenidas, ruas, jardins, praças e parques), deve ser bem planejada independentemente do porte da cidade. E, para um planejamento adequado da arborização urbana, levar em consideração as condições dos logradouros públicos (largura, localização da rede elétrica, espaçamento) e as características das espécies (nativas, exóticas, porte, florada, folhagem persistente etc.).
Merece destaque salientar que do ponto de vista ambiental, as espécies nativas ou exóticas exercem as mesmas funções ecológicas, apesar de haver casos da planta exótica se tornar invasora, competindo com as espécies nativas.
As plantas nativas são adaptadas naturalmente às condições de clima, solo, fauna, exigindo menos cuidados, a exemplo de menos fertilizante, menos irrigação, resistentes a pragas, doenças, preservam os agentes polinizadores, garantem a diversidade biológica e harmoniza a paisagem.
Quanto as plantas exóticas dar preferência a espécies de comportamento já conhecido nos projetos de arborização urbana, a exemplos de flamboyants, cássia chuva de ouro, espatódia entre outras.
No litoral baiano, há projetos de arborização sendo implantados com palmeiras exóticas (canarienses, triângulo etc.) de comportamento duvidoso às condições de clima, solo, às pragas e doenças do coqueiro e outras palmáceas cultivadas na região, passíveis de insucesso comprovado.
Do ponto de vista fitossanitário, também é temerário a introdução de espécies vegetais exóticas no Brasil e respectivos Estados, Distrito Federal e Municípios sem a Análise de Riscos de Pragas (ARP), conforme determina o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
Compete ao Sistema CONFEA/CREA orientação e fiscalização a atuação profissional ou ausência de engenheiro agrônomo ou florestal nos planos/projetos de arborização urbana. Então, fica registrado para os municípios brasileiros a participação obrigatória e efetiva de profissionais tecnicamente habilitados no planejamento e execução de plano ou projeto de arborização urbana.
É de suma importância que os municípios consultem Manual de Boas Práticas de Arborização Urbana nos Municípios Brasileiros: a engenharia das infraestruturas verdes para a sustentabilidade e resiliência às mudanças climáticas para instituir em lei municipal o Plano Municipal de Arborização Urbana ou o Plano Diretor de Desenvolvimento de Arborização Urbana (https://www.confea.org.br/midias/uploads-imce/Manual%20de%20Boas%20Praticas%20de%20Arboriza%C3%A7%C3%A3o.pdf). Fica a sugestão.
Os fundos nacional, estadual e/ou municipal têm por finalidade o desenvolvimento ou financiamento de projetos que visem ao uso racional e sustentável de recursos naturais, a manutenção, melhoria ou recuperação da qualidade ambiental para assegurar a qualidade de vida da população brasileira.
Para finalizar, advogo a participação dos profissionais de ciências biológicas no planejamento e execução de planos ou projetos de arborização urbana, considerando a afinidade com as ciências agrárias e florestais. Salvo melhor interpretação!
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