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Pegada Ecológica

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O conceito de pegada ecológica, surgiu com a publicação do livro de dois pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, William Rees e Mathis Wackernagel, intitulado ‘Our Ecological Footprint: Reducing Human Impact on the Earth’ (Nossa pegada ecológica: reduzindo o impacto humano na terra).

Os autores sugerem um método para visualizar, calcular o impacto do homem sobre os recursos naturais, resultando na criação da fundação Global Footprint Networl (GEN), em 2003.

A obra não só exemplifica a metodologia para calcular a demanda humana por recursos naturais, como também salienta a importância da sustentabilidade para reduzir os prejuízos ambientais, considerando que cada indivíduo carimba sua marca na natureza conforme seu estilo, hábito ou modo de vida.

A pegada ecológica, também é denominada ecopegada, trata-se de um indicador de sustentabilidade que relaciona as demandas humanas com a capacidade regenerativa do planeta, ou seja, com a biocapacidadade da Terra.  

Tanto a pegada individual, local, regional, estadual ou global, pode ser medida e, com certeza caracterizará as atividades antrópicas como um sério prejuízo ambiental.

A importância de medir ou calcular a pegada ecológica é verificar se os padrões de consumo estão compatíveis com a capacidade de restauração dos recursos naturais.

Cada indivíduo no planeta deixa sua marca no meio ambiente em função e proporcional com seu estilo de vida. Essa marca ou pegada ecológica, pode ser mensurada e permite calcular a quantidade de recursos naturais que a pessoa utiliza para viver.

Com esse cálculo, pode-se analisar e verificar se os seus padrões de consumo estão dentro da biocapacidade do planeta e ponderar se o impacto de cada um sobre a natureza é positivo ou negativo.

Dados demonstram que o nível de consumo é muito superior em mais de 30% à capacidade do planeta de se regenerar e absorver todos os resíduos gerados, sobrecarregando o meio ambiente e, como consequência a escassez de recursos, desequilíbrio ecossistêmico, alterações climáticas, desastres naturais ou catástrofes.

O modo de vida sustentável, através do consumo consciente é uma das formas mais eficientes do ser humano diminuir sua pegada ecológica e garantir um futuro mais saudável e duradouro no planeta.

O grande problema reside no crescimento exponencial da população, exigindo aumento na demanda de bens, serviços e consumo, estimulados pelo modelo ou forma capitalista de produção, a industrialização, visando puramente o lucro, baseada na lógica da economia linear, ou seja, extrair-produzir-desperdiçar (take-make-waste).

O consumismo exagerado, aliado à exploração indiscriminada de recursos naturais, resultou em um desequilíbrio ambiental, que vêm preocupando muitos ambientalistas, cientistas e governantes.

A pegada ecológica é medida em hectares globais (gha). O cálculo determinará quantos hectares produtivos, terrestres ou aquáticos, são necessários para sustentar cada indivíduo no planeta.

Um hectare global é igual a um hectare normal, isto é, 10 mil metros quadrados, correspondendo a medida de produtividade média mundial para terras e águas produtivas em um ano.

Os dados mundiais sobre o déficit ecológico e a capacidade de regeneração do planeta, anualmente é informado pela organização internacional “Global Footprint Network’,  quando é definido o Dia da Sobrecarga do Planeta, isto é, o dia que a população utilizou os recursos naturais suficientes para o ano todo.

Dados revelam que Dia da Sobrecarga do Planeta vem sendo antecipado. Alcançou o vermelho em 29 de setembro de 1999, entrou no negativo em 19 de agosto de 2014 e em 2021 foi objeto do dia 21 de julho. Segundo alguns especialistas, o mundo está entrando no “cheque especial” da natureza cada vez mais rápido e essa dívida está virando uma bola de neve.

A análise de dados da pegada ambiental no mundo revela uma situação extremamente preocupante, segundo a Global Footprint Network, a pegada ecológica por pessoa de 1,6 hectares globais é ideal para se obter equilíbrio com a capacidade de regeneração do planeta, porém não é a realidade.

No Brasil, a pegada ecológica é de 2,6 gha/pessoa, utiliza-se 62% de recursos a mais do que a natureza suporta. Países como a China, África do Sul, Croácia e Hungria utilizam mais que o dobro. Outros exemplos gritantes de pegadas ecológicas “per capita”, estão nos seguintes países: Catar = 14,3 gha; Luxemburgo = 13,0 gha; Canadá, Estados Unidos e Emirados Árabes = 8,1 gha; Noruega, Países Baixos e República Tcheca = 5,7 gha; Irlanda, Nova Zelândia e Rússia = 5,3 gha; Chile, Itália e Suíça = 4,3 gha.

Países com pegada ecológica menor que 1,6 hectares globais/pessoa, compatível com a biocapacidade do planeta estão na África e na Ásia, coincidentemente são países pouco industrializados, como por exemplo: Ruanda, Paquistão e Moçambique = 0,8 gha; Quênia, Etiópia e Somália = 1,0 gha; Nepal, Índia e Camarões = 1,2 gha; Camboja, Filipinas e Nigéria = 1,5 gha.

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