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Advogada alerta em audiência que é preciso um acolhimento mais efetivo para as vítimas de violência doméstica

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A advogada Daiane Santos, 29 anos, participou da Audiência Pública realizada na última sexta-feira (10/03), na Câmara Municipal de Camaçari, que debateu medidas de proteção e prevenção contra à violência a mulher. Na oportunidade, ela relatou os traumas causados pela violência sofrida na infância, ao lado da mãe e as irmãs, e ressaltou a falta de acolhimento em muitos casos.

Moradora de Salvador, mas natural de Valença, a advogada das áreas criminalista e dos direitos humanos, contou que seu pai era “extremamente violento”. Além de passar pela agressão em casa, na rua muitos criticavam sua mãe por ser ter cinco filhas com o agressor e continuar na relação.

A falta de uma rede de apoio na época, fez a violência durar por anos, segundo a advogada. “Não tínhamos acolhimento. Quando minha mãe se separou, a justiça determinou que ele pagasse um valor mínimo, muito inferior e mesmo assim ele não arcou com o pagamento. Hoje minha mãe não é casada e tenho certeza que todo esse trauma contribuiu para isso, refletiu no psicológico dela”, exalta.

Daiane lembra que ficava no sofá junto com as irmãs, presenciando as agressões verbais, psicológicas e físicas. “Ele uma vez tentou tocar fogo na casa. Meu pai tinha condições financeiras e mesmo assim deixou minha mãe e as filhas passarem por algumas dificuldades. Minha mãe quando decidiu largar ele começou a trabalhar como marisqueira, para dar uma vida melhor pra gente, porque meu pai se incomodava da forma que a gente comia, até o jeito que a gente escrevia no caderno. Esse é um assunto que me deixa constrangida e nervosa, porque passa um filme na minha cabeça”, fala em lagrimas.

O pai de Daiane gostava de jogar, e segundo ela, por diversas vezes apanhou junto com as irmãs para ele descontar a raiva de perder no jogo. “Hoje ele casou novamente, tem a família dele, filhas com a pele branca e o tratamento é totalmente diferente. E isso tudo afetou e afeta a minha vida, tenho receio de me relacionar por conta do que aconteceu e algumas mulheres da minha família também passam por isso. Qualquer sinal de comportamentos agressivo já fico com medo porque meu pai iludia a minha mãe. A pior violência para mim era justamente a psicológica, porque ele 'entrava na mente' de minha mãe e fazia ela permanecer naquele relacionamento tóxico”.

Daiane, que faz parte dos projetos Conselho da Comunidade e Laço Branco, finalizou a entrevista deixando uma mensagem para as vítimas de violência. “Liberte-se mulher. Não se prenda a ninguém. Procure ajuda psicológica. As vezes eu acho que superei o que passei, mas ao falar do assunto em público me emociono e percebo que ainda não. É preciso todo um trabalho de acompanhamento para poder seguir a vida”.

Contato de Daiane Santos: (71) 98350-3880

 

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