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Mobilidade urbana: os desafios para a nova gestão em Abrantes

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Entra beco, sai beco, e persiste a tradição dos colonizadores europeus de ruas estreitas apinhadas de sobrados, hoje prédios e imóveis  individuais dentro e fora de condomínios. A falta de visão reinante no planejamento urbano das cidades baianas quanto as necessidades do futuro leva à reprodução de vícios do adensamento populacional mais de 570 anos depois da vinda dos portugueses na atual ocupação do solo recente de municípios em conformação e expansão da Região Metropolitana de Salvador (RMS).  

Assim por interesses  mesmo econômicos da construção civil, com poucos freios colocados por parte das gestões públicas,  cresceram e crescem ainda comprimidas as vizinhas Lauro de Freitas e Abrantes em Camaçari, que não se diferenciam das ruelas da antiga Salvador capital, ocasionando perda de tempo no trânsito e problemas de violência urbana decorrentes das permitidas edificações  desordenadas. 

São as maiores vítimas desta  tendência desenfreada os trabalhadores que têm horário a cumprir retidos em engarrafamentos monstros às vezes, os cidadãos de todas as idades e classes sociais motorizados, ou dependentes do transporte público, à  procura de serviços distantes das residências,  os pedestres a se arriscarem nas travessias  em pistas de alta velocidade como as da Estrada do Coco em Abrantes,  penalizados para dar fluidez  ao grande tráfego de veículos. Muitas vidas já  se perderam em atropelamentos e acidentes   por conta da inexistência  de retornos ou elevados como viadutos, alargamento das pistas, redutores de velocidade e de passarelas. 

Os mais de 100 mil moradores até agora no entorno da Estrada do Coco dos seus dois lados das suas pistas, no trecho que vai do Joanes  até pouco além do pedágio e no sentido Lauro de Freitas-Salvador, têm urgência na adoção de obras, equipamentos  e disciplinamento  pela concessionária  que administra a via de responsabilidade do estado. 

O adensamento de moradias nas ruas internas, nas proximidades  do Parque das Dunas de Abrantes e Jauá, causa no horário de pico engarrafamentos antes inimagináveis na estreita passagem da antiga Estrada Imperial, ou Estrada Velha de Abrantes, hoje Sucupió, com menos de 5,5 metros de largura, o  que fere o código de obras, para veículos de passeio, caminhões e ônibus trafegarem sob risco de colisões e atropelamentos de ciclistas e pedestres que sequer contam com calçadas por falta de recuos recusados da parte de proprietários de terra. A Rua Sucupió foi aberta para Dom Pedro I e sua comitiva chegarem à nossa histórica  Vila de Abrantes, onde se instalou a sede do poder por poucos dias. Na atualidade abriga, concentrados, condomínios de classes B e C  de um único  lado com vistas privilegiadas para as exuberantes dunas ricas  em espécies da Mata Atlântica, rio e lagoas.

Nas proximidades desta localidade  e perto da comunidade menos privilegiada  do Mutirão de Abrantes, constata -se a ocupação irregular da poligonal do Parque das Dunas de Abrantes e Jauá por empreendimentos imobiliários já concluídos  destinados à classe média, em breve, com  cerca de oitocentas a mil casas térreas padrões ampliaveis para duplex com os seus moradores apertando-se em poucos metros quadrados de cada imóvel. Projeta-se um aumento considerável de pessoas e carros  circulando na rua de acesso a essas moradias, uma via  vicinal à Sucupió, na realidade um beco mais estreito ainda. Toda esta barafunda a se consertar na nova gestão municipal nos KM-10  da Estrada do Coco bem atrás do Shopping Busca Vida que  anunciam prestes a se reinaugurar em março de 2025.

Propõe-se a obrigatoriedade do alargamento das pistas destas ruas internas e total reformulação da concepção da Estrada do Coco no trecho em expansão urbana inclusive para instalação de sinaleiras e maior consciência e respeito às leis vigentes, ao patrimônio público e qualificação na emissão de licenças ambientais.
Angélica Menezes, jornalista e ambientalista.

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